quinta-feira, 14 de outubro de 2010

UM AMOR SINGULAR

VENHO POR MEIO DO MEU BLOG TRANSCREVER HUMILDEMENTE O TEXTO BRILHANTE DA MINHA IRMÃ, TÁSSIA MALENA. REALMENTE SENSACIONAL.. APROVEITEM A LEITURA...



Fui “filha única” (não exatamente) durante um longo tempo. Tinha amigos na escola, na rua de casa (e da casa da minha avó e da casa da minha tia), mas em casa eu brincava só. E isso nunca me incomodou, na verdade eu até gostava. Além das regalias que se tem em reinar absoluta, tem também a questão da privacidade, algo que hoje eu sei que é essencial. Até porque meus divertimentos favoritos não exigiam uma co-existência, e sim uma existência única e individual.

Gostava de ler (gibis), de desenhar, de tocar (uma flauta-doce velha e surrada que eu tinha), jogar vídeo-game, de escrever, de costurar, fazer colagens, massas de modelar, construir coisas, ou seja, coisas que na maioria das vezes se fazem só, eu não precisava de companhia. Não que eu me abstivesse do convívio social e das brincadeiras com as outras crianças (pois foi justamente assim que eu adquiri todas as marcas que possuo em pés, mão, cotovelos, joelhos, rosto e cabeça), mas devo admitir que eu sempre apreciei bastante meus momentos solos.

Talvez por isso eu tenha desenvolvido o estranho hábito de falar só, coisa que meu pai sempre detestou. Lembro de uma vez em que, eu já “grande”, estava empolgadamente conversando sozinha no quarto que era meu quando ele, o meu pai, entrou com uma expressão preocupada perguntando se eu “via alguém”. Depois de dizer que não e de um ataque de risos, me dei conta do quão alto eu estava falando.

Claro que situações como essa nunca faltaram, mas serviram de alerta para que eu ao menos maneirasse a forma e a freqüência que fazia e ainda faço isso, pois ao que parece ninguém costuma fazer isso assim. Claro que isso foi uma ironia. Não creio ser possível que alguém não mantenha uma conversa fluente e animada consigo mesmo ao menos uma vez ao dia de forma a perceber o quanto a própria companhia é bem vinda e estimada, além de agradável e companheira.

Converso comigo mesma sobre qualquer coisa, inclusive sobre coisas que não sei. É como se houvesse mais de uma de mim em mim que sabe coisas que eu não sei, mas que sei que sei enquanto mim e vice-versa. O que, de uma maneira estranha, me garante um conhecimento singular próprio que me permite mais de uma forma de pensar e avaliar sobre uma mesma coisa e que, no entanto derivam todas de um mesmo ser que na verdade é multi e múltiplo na sua unicidade.

Por mais que pareça egocentrismo, posso afirmar que não é. Não por possuir álibi ou algo parecido, pois acredito que a palavra valha o suficiente, mas por me comprometer em dizer a verdade. Não teria porque mentir. Mas como disse anteriormente, não se trata de egotrip (egoísmo+egocentrismo+egomania), mas sempre (ou em grande parte das vezes) preferi a mim mesma que aos demais. Não que não possuíssem importância, mas porque realmente minha própria companhia me apraz.

Lembro de muitos fins de tarde e amanheceres em minha própria companhia pelas ruas da cidade. Longos vagares temperados por agradáveis seqüências de conversas que ninguém faria igual. Risos, lamentações, urros e desabafos que eu mesma me auto-promovi tantas e tantas vezes. Acredito carregar em mim uma bipolaridade que me garante um equilíbrio, o que me faz estar sempre tão bem e satisfeita comigo.

Comigo divido gostos, prazeres, anseios, medos, humores e mais uma infinidade de outras coisas. Comigo caminho quilômetros, comigo tomo banhos de chuva, comigo também divido as inigualáveis casquinhas com raspas de limão (nunca encontrei alguém que gostasse). Comigo perambulo pelos bares filosofando sobre qualquer coisa. Em mim encontro a base de mim mesma que me mantém sã de alguma forma. Comigo descobri que apenas em mim posso confiar, pois fui a única que se mostrou confiável.

E apesar de tudo isso, devo admitir que ainda não me conheço totalmente. Como num início de relacionamento brega e piegas, a cada dia me apaixono mais e mais por mim, mesmo após um relacionamento monogâmico de mais de duas décadas, posso afirmar que ainda me amo da mesma forma e com a mesma intensidade dos primeiros dias quando eu ainda não sabia absolutamente coisa alguma sobre mim.

O fato de eu sempre andar comigo contribuiu bastante para essa união que, embora ainda não oficializada é fonte de amor, fidelidade, companherismo e principalmente, lealdade, transfigurando-se em um relacionamento com bases fortes e estáveis que provavelmente durarão por muito tempo. Mas nem sempre foi assim.

Posso dizer que passei por momentos críticos que abalaram bastante esta união, provocando algumas vezes grandes decepções que culminaram em separações curtas, mas nem por isso menos dolorosas. Pensei em acabar comigo por mais de uma vez, e certo dia cheguei até mesmo a concretizar tal desejo falho, mas não seria justo acabar comigo sem me abalar. Antes julguei como fracasso, depois como covardia. Hoje penso diferente.



Não que hoje eu esteja imune a novos abalos, entretanto olhando para trás, aqueles que antes me assombravam, parecem instantes vividos em outra encarnação. Foram fases ruins que me acometeram em momentos de fraqueza ou de inexperiência (entendam como quiser), mas que agora sei serem necessários para a auto-firmação minha e de mim mesma. Ligações PI que se tornaram sigma de amor a mim por eu.

Acho que por isso tenho cantado mais que de costume. Minhas conversas tem sido cada vez mais prazerosas, estou novamente em harmonia comigo. Comigo tenho rido das minhas próprias piadas no coletivo ou na rua ou em qualquer lugar, por que quem mais riria das minhas piadas ácidas do que eu mesma? Quem em ataque de romantismo daria chocolates a si mesmo como uma doce prova de amor? Quem abriria a porta do carro para si? Ou puxaria uma cadeira? Ninguém desprovido de segundas e terceiras intenções, afinal, não existe bem desinteressado. Isso é mais que auto-suficiência e independência, é uma prova de amor a si.

Sempre fiz muitos planos, muitos, muitos mesmo, e neles sempre estava eu. Eu e mais ninguém, mas em hipótese alguma eu sozinha. Eu estava comigo, sempre. Sempre viverei em mim e para mim com eterna gratidão em ser eu minha própria companhia e fonte de inspiração para tudo aquilo que produzo, crio e desenvolvo num tributo incansável a minha pessoa que é aquela que me ama, que me acompanha, que me encaixa e me completa como num tangam inteiriço sem frisos, ou emendas que remota fielmente o perfeito o meu encaixe em mim.

Comigo pretendo viver até onde puder, numa relação que seja eterna enquanto dure num misto de amor e paixão que regará meus dias até que eles me consumam por completo e o tempo me carregue em seu manto tornando e efetuando a minha existência única por completo. Sempre desejei uma forma de amor além do compreensível e para tal encontrei a companhia perfeita travestida numa versão de mim por mim, como um reflexo de espelho que se personifica e transcende para além do compreensível tornando minha experiência de amor próprio comigo mesma algo singular e sublime.

Por isso, como prova maior de gratidão, consideração, admiração e amor a mim, eu, neste momento, me peço em casamento, com todo respeito e a formalidades exigidos, para dividir comigo, agora legal e efetivamente, a vida, a trajetória e a história de uma estrada ainda por percorrer, porém motivadora, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza até que meu corpo se faça pó.

Faço minha as minhas palavras para ratificar tal compromisso para além-vida que sempre existiu, mas que agora se tornou oficial, assim como o simbolismo do anel que passarei a carregar no dedo anelar da mão esquerda como marco de uma auto-relação que eu espero que floresça e frutifique por muitos e muitos anos até que a morte de mim me separe.

Epitáfio:” Ela nasceu, cresceu e morreu consigo mesma, com quem foi muito feliz”

sábado, 2 de outubro de 2010

Quero Causar

Então, a festa foi D+!!! Não vou nem comentar nada, vou só mostrar a foto pra vocês... =]